Você já parou para pensar por que tantas igrejas lutam entre “manter a tradição” e “alcançar os jovens”? Essa guerra silenciosa acontece todos os dias. De um lado, os mais velhos defendendo “como sempre foi feito”. Do outro, os mais jovens querendo mudar tudo. E no meio dessa tensão, a igreja perde força, perde unidade e, principalmente, perde a manifestação plena de Deus.
Mas e se eu te disser que essa tensão não é um problema? E se essa tensão for exatamente o que Deus planejou para a igreja funcionar em sua plenitude?
Em Joel 2:28, Deus faz uma promessa poderosa: “Derramarei meu espírito sobre todo tipo de pessoa. Seus filhos e suas filhas profetizarão. Os velhos terão sonhos e os jovens terão visões.” Preste atenção: Deus não escolheu apenas uma geração. Ele uniu as duas de propósito.
Os jovens têm a visão da aparência
Aqui está uma verdade que incomoda muita gente: os jovens enxergam o futuro melhor que os velhos. Eles carregam a visão, a percepção daquilo que está acontecendo agora e do que vai acontecer amanhã. Eles entendem as tendências, a linguagem, a cultura contemporânea.
Você que é mais velho pode não gostar da música que toca na igreja hoje. Pode achar estranho a forma como os jovens se vestem, como falam, como se comunicam. Mas aqui está o problema: a igreja não foi feita para agradar você. A igreja foi feita para alcançar o mundo. E o mundo de hoje fala a língua dos jovens.
Pense comigo: em 1911, quando o avivamento pentecostal chegou ao Brasil, todo mundo usava terno e gravata. Era a cultura da época. E a igreja naturalmente adotou isso. Mas isso foi há mais de 100 anos! Por que ainda queremos forçar a aparência de um século atrás numa geração que vive hoje?
A forma, a estética, a aparência – isso está com os jovens. E se você continuar querendo que a igreja se adapte aos seus gostos, você vai transformá-la num museu vazio, cheio de memórias mas sem vida.
Os velhos carregam os sonhos da essência
Mas calma. Antes que você pense que estou dizendo que os velhos não têm valor, deixa eu te mostrar o outro lado. Os jovens sem os velhos viram rebeldes sem causa. Visão sem fundamento é entusiasmo vazio.
Você que é mais velho carrega algo que nenhum jovem tem: a essência. Você conhece a profundidade da oração, do jejum, da Palavra. Você passou por lutas, por desertos, por vitórias que moldaram sua fé. Você tem discernimento entre o que é essencial e o que é passageiro.
Quando um jovem tem apenas visão, mas não consulta os sonhos dos velhos, ele se torna presunçoso. Ele acha que sabe tudo só porque enxerga o presente. Mas ele não tem raízes. E sem raízes, qualquer vento o derruba.
O papel dos velhos não é ditar a forma como as coisas devem ser feitas. Seu papel não é escolher a cor da parede da igreja ou o estilo da música. Seu papel é transmitir a essência: oração, santidade, intimidade com Deus, conhecimento bíblico. Isso sim ninguém pode tirar de você.
A tensão necessária que produz crescimento
Aqui está o segredo que a maioria das igrejas não entende: a tensão entre gerações não é um erro, é um projeto de Deus. Você sabia que seu corpo tem tendões? E que os tendões tensionam seus músculos e ossos? Sem essa tensão, você não conseguiria ficar de pé. Você seria um boneco de pano.
Da mesma forma, a igreja é um corpo. E no corpo de Cristo precisa haver tensão entre velhos e jovens. Não uma tensão destrutiva, mas uma tensão saudável que mantém a igreja viva, firme e em movimento.
O problema acontece quando há tensão demais – aí vem a lesão, a divisão, o conflito. Mas se houver tensão de menos, a igreja não se move. Ela fica estagnada, acomodada, morta.
Você precisa entender: a obra de Deus nunca foi feita sem sangue, suor e lágrimas. Jesus não prometeu conforto. Ele prometeu transformação. E transformação dói. Exige que você abandone o odre velho, porque o vinho novo não cabe mais naquele formato antigo e deformado.
Quando essência e aparência se encontram, todos profetizam
Aqui está a promessa mais poderosa de Joel 2:28: quando velhos e jovens se unem, quando essência e aparência caminham juntas, Deus derrama profecia. Não a profecia que prevê o futuro – essa os jovens já têm como visão. Mas a profecia que revela aquilo que é eterno, a voz do céu declarando quem você é e para onde Deus está te levando.
A revelação de Deus só vem em plenitude quando a igreja está unida. Quando você para de julgar a geração mais nova. Quando o jovem para de desprezar a experiência dos mais velhos. Quando todos entendem que não são gerações opostas, mas gerações complementares.
Você quer ver o mover de Deus de forma constante, não apenas esporádica? Você quer experimentar a presença de Deus com poder? Então pare de criar divisões. Pare de dizer “no meu tempo não era assim”. Não é mais o seu tempo. É o tempo de Deus agir através de todas as gerações juntas.
A igreja que Deus deseja
A igreja que Deus sonhou não é feita só de jovens dinâmicos. Mas também não é feita só de velhos experientes. A igreja que Deus deseja é aquela onde as gerações revelam juntas a plenitude de Deus.
Cuidado ao culpar a geração atual por qualquer problema. Se há algo errado com os jovens de hoje, lembre-se: foram os mais velhos que os formaram. Você não transmitiu a essência? Então não reclame da aparência.
E você que é jovem: não despreze a sabedoria de quem caminhou antes de você. Sua visão é importante, mas sem a essência, você vai construir sobre areia. Ouça os sonhos dos mais velhos. Aprenda com eles sobre oração, sobre perseverança, sobre fidelidade.
Qual área da sua vida precisa desse equilíbrio hoje? Onde você tem colocado essência e aparência em guerra quando deveriam estar em unidade? A resposta pode transformar não só você, mas toda a igreja ao seu redor.





